10 mar 2021

Aprendizagem criativa dá ferramentas para educação na pandemia

A escola parou, mas a aprendizagem continua. E professores continuam cada vez mais entusiasmados para que ela seja cada vez mais criativa.

 


Com as escolas fechadas em 2020, os professores enfrentaram um ano difícil e tiveram de se reinventar. O ano letivo de 2021 começa ainda repleto de incertezas, porém com a expectativa de que práticas aprendidas possam enriquecer a educação em qualquer que seja o formato.

Nesse sentido, mesmo em cenários adversos, as abordagens da aprendizagem criativa têm muito a contribuir, especialmente para professores que buscam diversificar suas aulas remotas ou presenciais com atividades práticas que levam a uma aprendizagem significativa. É pensar brincando, é não ter medo de expressar sentimentos e permitir que o aluno participe e aprenda com seus pares. 

A escola parou, mas a aprendizagem continua. E professores continuam cada vez mais entusiasmados para que ela seja cada vez mais criativa. Veja opiniões de professores sobre o ano letivo que se inicia: 

 

Um 2021 de expressão

“Nossas crianças estão chegando para o ano letivo em uma escola diferente, com vários protocolos de segurança, sem abraços e com distanciamento dos amigos e professores. A aprendizagem criativa será uma excelente ferramenta para que possam expor seus medos, angústias e expectativas em relação a essa nova escola e o momento em que estamos vivendo. Um exemplo de atividade é a criação de placas e/ou cartazes criativos, uma atividade mão na massa, onde as crianças podem representar esses sentimentos, utilizando materiais diversos. Depois de pronto, pode-se compartilhar através de exposição presencial ou virtual, onde cada criança pode expor sua história.”

Edeli Machado Luglio Adalberto, de São Bernardo do Campo (SP), professora de informática e robótica
 

De mais engajamento 

“Considerando que o ensino remoto e híbrido ainda vai perdurar ao longo do ano letivo, vejo a necessidade de os estudantes terem um aprendizado mais efetivo. Acredito que por meio da aprendizagem criativa poderão se engajar na construção de um aprendizado que tenha significado para eles. A aprendizagem criativa permite que o estudante construa a partir de uma experimentação concreta, ativa e entre pares.”

Sandreliza Mota, de São Luís (MA), professora do Atendimento Educacional Especializado na área de altas habilidades ou superdotação

 

“Em 2020, nós, professores, tivemos que usar a nossa sensibilidade, perspicácia, sabedoria e criatividade para driblar os desafios e possibilitar ações que permitissem a aprendizagem dos nossos alunos. Tivemos que nos reinventar e, neste processo, ressignificamos as atividades do formato presencial para o online. Mesmo a distância, eles podem vivenciar os pilares da aprendizagem criativa: paixão, projeto, pares, pensar brincando. Em 2021, o desafio permanece. Independente do formato, o importante é garantir que nossos alunos se mantenham conectados, envolvidos com os estudos, com a pesquisa, com a aprendizagem criativa, divertida e que tenha significado para eles. Que possam transformar ideias em aprendizado.”

Adriana Sousa, de Vitória da Conquista (BA), professora de Matemática para turmas de 9º ano do Centro Juvenil de Ciência e Cultura de Vitória da Conquista

 

Com diversão e participação

“O professor primeiro tem de entender o que é a diversão pedagógica. Temos de tomar cuidado para não entrar no senso comum, tratar como sinônimo de bagunça. Acho que a palavra-chave para ser divertido é exploração. O “pensar brincando” da aprendizagem criativa não é o brincar por si só; é explorar o mundo. É um brincar em que o aluno vai testar, manipular recursos ao seu redor, experimentar, correr riscos. Pode ser com objetos que tem em casa, material escolar, utensílios de cozinha. Uma aula divertida não é passar um vídeo, uma música, ou dar risada; é uma atividade de exploração, de colocar a mão na massa. Uma atividade pode ser divertida também usando recursos tecnológicos, mas o tecnológico nunca pode se sobressair ao pedagógico.”

 

“É necessário a gente melhorar a aula remota – assim como a presencial. Se numa remota você faz demais e o aluno faz de menos, tem de repensar. O aluno deve estar ativo no processo, participante – o professor é sempre mediador. Uma aula remota não pode ser um professor com um “palco”, dando uma palestra. Aulas remotas não precisam ser um monólogo. Primeiro ponto a pensar qual é o objetivo da aula e, então, desenhar o caminho, de forma que a criança saiba o sentido do que está participando. O professor deve se questionar se os alunos estão podendo trabalhar em conjunto, opinar, criar. Todas as pessoas envolvidas têm que ser ativas, porque é no coletivo que a gente aprende.” 

Roberta Taffarello, de Vinhedo, São Paulo, professora de anos iniciais, de tecnologias educacionais e de educação especial. 

 

A partir da interação em todos os ambientes

“No espaço escolar tradicional temos a presença dos alunos na sala de aula, porém pouca interação, o que considero um grande problema. Fora deste espaço, precisamos incentivar que os trabalhos sejam realizados em grupos, com respeito a opiniões e visões antagônicas, com diálogo, crescimento, empatia e cooperação. Foi possível perceber muito desta interação remota acontecendo em 2020. Sei que é um desafio, mas vivemos em um momento em que este tipo de interação é tão importante quanto o conteúdo que ensinamos.”

André Peres, de Porto Alegre (RS), professor de graduação em cursos de informática e para o mestrado profissional em informática na educação

 

Porque a realidade do aluno faz a diferença

“Vou falar da minha experiência no decorrer de 2020. Trabalhei um projeto chamado Cores do Açaí, que consiste na pintura em telas com a polpa do açaí. Cada aluno participante fez da sua casa um espaço de aprendizagem criativa, sob a minha orientação através de grupo de WhatsApp, podcast, vídeos(tutoriais) e outros. Eles criaram suas imagens, experimentaram a técnica de pintar com açaí e aprofundaram seus conhecimentos contextualizando seus trabalhos. Fizemos nossa exposição ao vivo no Facebook no dia 30 de dezembro. 

Elsamar Emerique, de Jacundá, no Pará, professora de artes para os anos finais do ensino fundamental

 

Sem deixar ninguém para trás

O grande “pulo do gato” no trabalho com aprendizagem criativa é que ele se inicia de maneira simples até chegar ao complexo. Um dos princípios é: PISO BAIXO para que todos possam entrar e iniciar seu projeto pessoal, com possibilidades de ampliação (as PAREDES LARGAS) e com possibilidades de evolução com projetos cada vez mais desafiadores ao longo do tempo - o TETO ALTO.

Edeli Adalberto
 

 

Com criatividade na aula remota ou híbrida

A aula remota é desafiante para professores e alunos. Traz o inesperado: o latido, o choro de criança, o carro passando, a queda de conexão. Traz a vida real para dentro da sala de aula. O professor pode tentar aproveitar essa complexidade criando pontes entre o conteúdo e a vida dos alunos. Questões do bairro, da comunidade, do pátio, das plantas, podem virar projetos a serem compartilhados. O ensino híbrido também permite a criação dessa conexão entre a realidade dos alunos e a sala de aula. Para isso, é importante que o aluno não receba apenas textos ou links para estudar, mas que crie projetos e faça descobertas, que se envolva com sua aprendizagem de forma protagonista, tornando o compartilhamento dos projetos e descobertas ainda mais rico quando todos se encontram no mesmo local.

André Peres

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Os desafios da volta às aulas em meio a pandemia nos convidam ainda mais ao encontro, à conexão, ao acolhimento, a compartilhar os momentos e as ideias, a celebrar as pequenas e grandes conquistas e a pensar juntos nos caminhos que precisamos criar para seguirmos aprendendo. 

 

A Iniciativa Volta às Aulas com a Aprendizagem Criativa da RBAC traz materiais, dicas, referências, atividades e possibilidades de discussão para ajudar a comunidade escolar a se adaptar e criar saídas para facilitar o trabalho dos professores e alunos durante este momento.  Visite a página Volta às Aulas com Aprendizagem Criativa e compartilhe suas experiências com a nossa comunidade!

 

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Entrevista

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O ensino remoto sem duvida desafiante. Uma experiência solitária muitas vezes. Mas a busca pela aula atrativa, motivadora pode ser a solução. Enfim, tudo tem a ser feito